Uma descoberta arqueológica chocante veio à tona na Terra Indígena São Marcos, localizada em Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá. Antropólogos, arqueólogos, historiadores e linguistas encontraram uma vala comum que poderia conter os restos mortais dos Xavantes, vítimas da epidemia de sarampo durante o regime militar entre 1964 e 1985.
O resultado preliminar da pesquisa, liderada por um grupo multidisciplinar de pesquisadores, aponta para uma terrível história de mortandade. Segundo relatos dos anciões, os Xavantes inicialmente enterravam os mortos individualmente, seguindo seus rituais. No entanto, com a escalada da epidemia, que ceifava mais de 10 vidas por dia, corpos eram transportados em carrocerias puxadas por tratores e lançados em uma vala comum.
A pesquisa, que se iniciou em 2019 e envolveu colaboradores de universidades no Brasil, Polônia e Canadá, visa não apenas revelar a história sombria, mas também fortalecer a possibilidade de reivindicações de reparação por parte dos Xavantes. Através de evidências coletadas em campo e análises em andamento, a pesquisa busca lançar luz sobre as trágicas consequências da epidemia e do impacto do regime militar nos povos indígenas.
A Terra Indígena São Marcos, habitada por 2.848 pessoas em uma vasta área, guarda memórias dolorosas dessa época. A relação entre o regime e a disseminação da doença é apontada como uma das causas dessa tragédia.