O Ministério Público de Goiás (MPGO) ofereceu denúncia contra 10 policiais e 2 bombeiros por crimes militares cometidos na abordagem que resultou na morte do comerciante Wilker Darkcian Camargo. O caso ocorreu na cidade de Trindade, em dezembro de 2021. Parte dos policiais já havia sido denunciada na justiça comum, em março de 2022, pelo crime de homicídio qualificado.
No âmbito militar, a 6ª Promotoria de Justiça de Trindade e o Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP) denunciaram os policiais militares Alexsander de Carvalho Gonçalves, Denis Rubens de Queiroz, Carlos Antônio Tavares, Reinaldo Quirino Bueno, Sidney de Souza Carneiro, Alexandre Jesus Vargas, Wellington Alves de Oliveira, Elias Cunha Carvalho, José Venício Mendes da Silva e José Wilson Louça Rodrigues de Menezes, bem como os bombeiros militares Alysson da Silva de Lima e Antônio Carlos de Carvalho.
Consta na ação penal militar que, dias antes da morte de Wilker Darkcian Camargo, os policiais militares Alexsander Gonçalves e Denis de Queiroz receberam notícia de que o comerciante estaria envolvido com tráfico de drogas. Para apurar tal denúncia, foram realizadas diversas diligências pela equipe policial, que, segundo o MP, resultaram em “verdadeiras infrações penais militares”.
Crimes
Foi apurado que no dia 7 de dezembro de 2021 os policiais militares Carlos Antônio Tavares, Reinaldo Ribeiro, Sidney Carneiro e Alexandre Vargas, sob o comando do superior hierárquico Alexsander Gonçalves, invadiram ilegalmente a casa de Wilker Camargo, sem nenhuma determinação judicial.
Além disso, no período entre 7 e 10 de dezembro de 2021, Alexsander Gonçalves e Denis Rubens de Queiroz adulteraram e utilizaram placa em viatura policial descaracterizada sem autorização. O objetivo, segundo a denúncia, era para que os militares não chamassem atenção enquanto monitoravam o comerciante.
Alexsander Gonçalves, Wellington de Oliveira, Elias Carvalho, José Venício da Silva e José Wilson de Menezes também foram denunciados por alterarem a cena do crime inserindo um revólver calibre 32 e 3 estojos com cargas deflagradas. Esta ação foi praticada no dia 10 de dezembro de 2021, durante a abordagem que culminou na morte de Wilker.
Por fim, os bombeiros militares Alysson de Lima e Antônio Carlos de Carvalho foram denunciados por deixarem de prestar o devido socorro a Wilker Camargo. Segundo o Ministério Público, os bombeiros responsáveis pelo atendimento da vítima incorreram em omissão de socorro.
De acordo com o órgão, os profissionais não realizaram nenhum procedimento de urgência enquanto a vítima ainda tinha sinais vitais.
Denúncia na Justiça Comum
Em março deste ano, os policiais militares Alexsander Gonçalves,Wellington de Oliveira, Elias Carvalho, José Venício da Silva e José Wilson de Menezes foram denunciados pelo homicídio de Wilker.
Os autos judiciais estão em fase de instrução processual e em trâmite na 1ª Vara Criminal de Crimes Dolosos Contra a Vida.
Outro lado
Em nota (leia a íntegra abaixo), o Corpo de Bombeiros disse que todos os procedimentos cabíveis foram realizados o mais rápido possível.
“[…] ressaltamos que, em nenhum momento, houve qualquer tipo de omissão de socorro por parte da equipe de resgate. A corporação se coloca à disposição das autoridades para apuração e esclarecimentos da conduta dos militares”.
Nota do Corpo de Bombeiros:
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás informa que:
1 – No dia 10 de dezembro de 2021, por volta das 11h40, a Unidade de Resgate 214 foi acionada para socorrer vítima de ferimento por arma de fogo em Trindade.
2 – Ao chegar no local, foram realizados todos os procedimentos cabíveis em relação ao caso, priorizando o imediato deslocamento ao Hospital de Emergência de Trindade, para que a vítima pudesse ser atendida o mais rápido possível pela equipe médica, aumentando suas chances de sobrevivência.
3 – Durante o atendimento, verificou-se que havia uma segunda vítima, uma senhora de 70 anos, proprietária do imóvel, com sinais e sintomas de infarto ou acidente vascular encefálico (AVE). Ela também foi avaliada e recebeu os primeiros socorros por um dos integrantes da guarnição conforme previsto no Protocolo e Suporte Básico de Vida.
4 – Ressaltamos que, em nenhum momento, houve qualquer tipo de omissão de socorro por parte da equipe de resgate. Diante da denúncia, a corporação se coloca à disposição das autoridades para apuração e esclarecimentos da conduta dos militares.
O CBMGO reafirma o seu compromisso de servir à população goiana, zelando sempre pela boa conduta de seus integrantes por meio da estrita observância das leis.
Por Jessica Santos / Mais Goiás.