Na última sexta-feira (15), estudantes e trabalhadores de Barra do Garças-MT se reuniram na Praça do Garimpeiro em um protesto que integra o movimento nacional “Vida Além do Trabalho” (VAT). A principal demanda do ato é o fim da escala 6×1, regime que prevê seis dias de trabalho para apenas um de folga.
A manifestação teve início às 16h e contou com cerca de 30 participantes. Com faixas e cartazes, os manifestantes abordaram os transeuntes para conscientizá-los sobre os impactos negativos desse modelo de trabalho. Em seguida, o grupo partiu com um carro de som até a Feira de Rua, na Avenida Salomé Rodrigues, onde distribuíram panfletos aos trabalhadores locais.
Para Daniel Nunes, um dos líderes do movimento na cidade, a luta é pessoal e urgente. “Vivo na escala 6×1 diariamente. A gente se sacrifica por um sonho que não é nosso, porque o que produzimos, muitas vezes, nem conseguimos consumir. É uma escala exaustiva que prejudica nossa saúde mental”, desabafou.
A organização do protesto contou com o apoio financeiro do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (SINTEP-MT) e da Associação de Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (ADUFMAT).
Outro organizador do ato, Walyson Lima, destacou a importância da união dos trabalhadores locais. “Barra do Garças tem um comércio e uma indústria muito fortes, mas a escala 6×1 dificulta a vida de muitos, tanto na cidade quanto na zona rural. Precisamos nos organizar como classe trabalhadora para mudar isso”, afirmou.
Presente no evento, a ex-vereadora e atual candidata à prefeitura, Fátima Resende, reforçou a relevância do tema, especialmente para as mulheres. “É essencial termos uma vida além do trabalho. Muitas mulheres enfrentam a dupla jornada, dentro e fora de casa, e precisamos estar com saúde física e mental para produzir de forma digna”, pontuou a representante do Partido dos Trabalhadores (PT).
Mobilização nacional e avanços no Congresso
O movimento VAT, que busca a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição conhecida como “PEC 6×1”, realizou atos em várias cidades brasileiras. Na região Centro-Oeste, manifestações ocorreram em Cuiabá (MT), Barra do Garças (MT), Campo Grande (MS), Goiânia (GO) e Brasília (DF). Outras cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Belém também aderiram.
Em todo o país, mais de 600 mil pessoas participaram das manifestações. Na internet, a mobilização foi massiva, com cerca de 5 milhões de perfis discutindo o tema no X (antigo Twitter). Uma petição pública já acumula 3 milhões de assinaturas.
Na última quarta-feira (13), a PEC 6×1 ultrapassou as 200 assinaturas de deputados federais necessárias para tramitar na Câmara, superando o mínimo de 171 adesões. Enquanto os representantes no congresso discutem a viabilidade da proposta e sua implementação, muitos dos favoráveis à PEC justificam que o atual modelo de trabalho é similar à uma “escravatura moderna”, entretanto outros parlamentares que são contra citam a produtividade deficitária do trabalhador e a falta de desenvolvimento da nação como principal obstáculo.