Descoberta da UFMT indica potencial de expansão das reservas de terras raras em Mato Grosso

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) revelou a presença de terras raras em diferentes regiões do estado, o que pode ampliar significativamente as reservas brasileiras desses minérios estratégicos. Especialistas destacam, no entanto, que ainda são necessárias etapas adicionais de estudo e confirmação para viabilizar a exploração.

Potencial geológico

De acordo com a Sociedade Brasileira de Geólogos, o potencial de exploração pode ser ainda maior devido à ocorrência de rochas alcalinas em áreas como Itiquira (sudeste), Serra do Canamã (norte) e Planalto da Serra (centro-sul do estado).

O Brasil já ocupa a segunda posição mundial em reservas de terras raras, ficando atrás apenas da China.

Nos últimos dois anos, a Agência Nacional de Mineração (ANM) autorizou 18 empresas nacionais e estrangeiras a conduzirem pesquisas no estado. Atualmente, quatro mineradoras e três pesquisadores independentes — da Austrália, de Minas Gerais e de Mato Grosso — realizam levantamentos em uma área que soma cerca de 180 mil hectares.

Importância estratégica

As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos, quase sempre associados a outros minerais, de difícil separação e beneficiamento. Embora não sejam efetivamente raros, o desafio está em obter alta pureza, o que exige processos caros e complexos.

Esses elementos são fundamentais para a fabricação de tecnologias de ponta, como:

  • Turbinas eólicas;
  • Motores de veículos elétricos;
  • Chips de computadores e celulares;
  • Equipamentos médicos avançados;
  • Satélites, foguetes e sistemas militares;
  • Dispositivos eletrônicos modernos.

Por isso, estão no centro da economia do século 21 e se tornaram objeto de interesse em disputas geopolíticas internacionais.

 

Estudos em andamento

Segundo Jocy Gonçalo de Miranda, gerente regional da ANM, a pesquisa ainda está em fase inicial:

“Por enquanto é uma fase de mapeamento. Depois vem a etapa de campo. Se houver teor econômico viável, aí sim será possível avançar para a lavra.”

Desde 2023, a ANM já recebeu mais de 2.400 pedidos de análise em todo o país, concentrados principalmente em Minas Gerais, Bahia e Goiás.

O Serviço Geológico Brasileiro, em 2018, já havia identificado áreas promissoras em Mato Grosso, embora ainda não incluídas nos registros oficiais. Para o professor e geólogo Francisco Pinho, da UFMT, trata-se de uma oportunidade estratégica:

“Em nível global, Mato Grosso é naturalmente propício para essas formações geológicas, mas até hoje elas foram descobertas apenas parcialmente. Há ainda muito a ser revelado.”

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