Nesta sexta-feira (24/04), o então ministro da justiça Sérgio Moro, decidiu que não fará mais parte do governo do atual presidente Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada após a exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Moro estava bastante insatisfeito com o governo, porém o que selou sua decisão foi a exoneração de Valeixo, que fez com que ele pedisse imediatamente a demissão na manhã desta quinta-feira (23/04). A decisão foi publicada na madrugada desta sexta-feira no Diário Oficial da União.
Quando o ex-ministro anunciou um pronunciamento sobre sua demissão às 11h desta sexta-feira, o Planalto, enviou emissários, na tentativa de convencer Moro a ficar no ministério. No entanto, o ex-ministro estava obstinado a deixar o cargo de qualquer maneira.
Valeixo havia sido exonerado como se fosse “a pedido” e contou com as assinaturas eletrônicas de Bolsonaro e Moro. Segundo a Folha de S. Paulo, que realizou uma apuração, o ex-ministro não havia assinado nenhuma medida formalmente e sequer foi avisado pelo Planalto de sua publicação. Por se tratar de uma formalidade do Planalto, o nome de Moro foi incluído no ato de exoneração, pelo fato do ex-diretor da Polícia Federal ser subordinado a ele.
Os aliados do ex-ministro Sérgio Moro disseram que o presidente atropelou de vez o ministro com a publicação da demissão de Valeixo enquanto haviam discussões nos bastidores sobre uma troca na PF e a permanência do ministro no cargo. Outro motivo, segundo os aliados de Moro, seria uma declaração do presidente em que ele “usaria a caneta contra estrelas no seu governo”. Eles afirmam também que o ex-ministro, entre outros, eram alvos preferenciais por serem possíveis problemas para a família do presidente e sua rede de apoio.
Sérgio Moro havia aceitado o convite para tornar-se ministro no atual governo, abandonando assim a carreira de juiz federal, por várias promessas vindas do presidente, como a autonomia total no comando do ministério e até mesmo cargo no Supremo Tribunal Federal (STF), mas com o tempo, segundo suas próprias palavras, acabou ficando “cansado de tomar bola nas costas”.
Durante sua atividade no governo, o ministro conseguiu se tornar muito popular, tendo uma taxa de aprovação superior a do próprio presidente, com mais de 76%, segundo o Datafolha.
Após a demissão, Moro acredita estar ainda mais distante a possibilidade de uma indicação pelo presidente para uma vaga no STF, o que ele enxerga como se fosse “ganhar na loteria”. Os ministros do Supremo, todavia, devem se aposentar compulsoriamente aos 75 anos, o que abriria as próximas vagas em novembro deste ano para Celso de Mello e Marco Aurélio Mello em junho de 2021. A indicação de ministros é atribuída ao presidente da república e então aprovada pelo Senado Federal.